quinta-feira, 12 de julho de 2012

Contra-argumentação a excertos da Gênese de Allan Kardec


Contra-argumentação a excertos da Gênese de Allan Kardec


O Espiritismo diz que é o Consolador prometido no livro Gênese; Diz que o consolador prometido é o "Espírito de Verdade": Cap. VI Ev. s. Espiritismo. “4 Jesus promete um outro consolador: é o Espírito de Verdade.”
Nesse texto procuro examinar a incongruência dessa afirmação com os relatos dos apóstolos, particularmente em Atos 2.

Abaixo segue o texto espírita com os respectivos apontamentos das fraquezas na argumentação espírita, as quais coloquei dentre o texto espírita e em vermelho.

Atenciosamente,
segue abaixo:

Cap. 1 Caráter da revelação espírita. [Livro: Gênese (de Kardec)]
“27. Por que chama ele Consolador ao novo messias? Este
nome, significativo e sem ambigüidade, encerra toda uma
revelação. Assim, ele previa que os homens teriam necessi-
dade de consolações, o que implica a insuficiência daquelas
que eles achariam na crença que iam fundar.”
“Ao meu ver uma das razões para o Consolador ser chamado assim é porque Jesus iria para o Pai e os discípulos necessitariam de consolação como necessita quem perde um pai querido, na ausência de Cristo, o Consolador que habitaria dentro deles os consolaria. Além disso, não creio que foram os primeiros e verdadeiros discípulos que fundaram uma crença, mas Jesus que criou a fé neles, Jesus disse: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” João 15:16; e está escrito ainda: “E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” João 20:22 Como diria Caio Fábio1: “Jesus não fundou o Cristianismo. O Imperador Constantino o fez. Jesus não fundou uma Religião. A Terceira Geração o fez.”




Gênese de Kardec cap. XVII
“42. Se disserem que essa promessa se cumpriu no dia de
Pentecostes, por meio da descida do Espírito Santo,
poder-se-á responder que o Espírito Santo os inspirou, que
lhes desanuviou a inteligência, que desenvolveu neles as
aptidões mediúnicas destinadas a facilitar-lhes a missão,
porém que nada lhes ensinou além daquilo que Jesus já
ensinara, porquanto, no que deixaram, nenhum vestígio se
encontra de um ensinamento especial
.A O Espírito Santo,
pois, não realizou o que Jesus anunciara relativamente ao
Consolador; a não ser assim, os apóstolos teriam elucidado
o que, no Evangelho, permaneceu obscuroB até ao dia de
hoje e cuja interpretação contraditória deu origem às inú-
meras seitas que dividiram o Cristianismo desde os primei-
ros séculos.” (Negrito meu. As letras A e B que aparecem imediatamente após os negritos são para organização do texto, leia abaixo)



Nesse excerto tem duas afirmações que comentarei respectivamente assinaladas com as letras A e B:
A
O primeiro ponto a ressaltar é a frágil argumentação do excerto acima. É questionável que o Espírito Santo não tenha ensinado aos apóstolos algo além do que Jesus ensinara, o ensinamento/revelação da "Igreja" enquanto corpo de Cristo pode ser apontada como uma das novidades; ver Efésios 3:3-10:
“Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi;
Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo,
O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas;
A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;
Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder.
A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo,
E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo;
Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” Efésios 3:10 (Negritos meus)


Ver também:
B) Dizer que permaneceu obscuro também é questionável: muitos diriam, creio eu, que estava claro para os apóstolos logo depois do pentecostes, e se a situação se obscureceu em seguida ou não isso é questionável; o poder do Espírito Santo pode não ser mais evidenciado de forma espetacular no caráter de poucos homens como acontecia na pessoa dos apóstolos, mas estar diluído no caráter de muitos homens, mas ainda expresso de forma não menos espetacular através das obras de caridade da Igreja.

Agora vamos ao que o livro Gênese do Espiritismo tem a dizer sobre a predição de João 16:7-14, predição que segue abaixo:
Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado. Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.”
Gênese de Kardec Cap XVII, onde se afirma que o Espiritismo é a manifestação do Consolador Prometido:

““37. Esta predição, não há contestar, é uma das mais im-
portantes, do ponto de vista religioso, porquanto compro-
va, sem a possibilidade do menor equívoco, que Jesus não
disse tudo o que tinha a dizer, pela razão de que não o te-
riam compreendido nem mesmo seus apóstolos, visto que
a eles é que o Mestre se dirigia.” 
(pode-se argumentar que a predição fala a respeito da situação dos discípulos antes do Pentecostes, ou seja, que Cristo não disse tudo até o momento anterior ao Pentecostes, a partir desse momento o Espírito Santo já estava com os discípulos guiando-os a toda a Verdade)
E prossegue o “Gênese” de Kardec:
“Se lhes houvesse dado ins-
truções secretas, os Evangelhos fariam referência a tais
instruções. Ora, desde que ele não disse tudo a seus após-
tolos, os sucessores destes não terão podido saber mais do
que eles, com relação ao que foi dito; ter-se-ão possivel-
mente enganado, quanto ao sentido das palavras do Se-
nhor, ou dado interpretação falsa aos seus pensamentos,
muitas vezes velados sob a forma parabólica. As religiões
que se fundaram no Evangelho não podem, pois, dizer-se
possuidoras de toda a verdade, porquanto ele, Jesus, re-
servou para si a completação ulterior de seus ensinamen-
tos.”
(Como semelhantemente já disse acima, pode-se argumentar que Jesus disse tudo o que era necessário dizer até aquele momento, tudo o que os discípulos poderiam suportar até aquele momento, e com relação ao que não disse deixou o Espírito Santo como guia a toda verdade. Vale dizer novamente também que não foi pretensão dos primeiros apóstolos fundar uma religião, mas pregar a verdade contida em Cristo, interiorizável por vontade de Deus(ou seja, por dom de Deus) por meio do Espírito Santo, ou seja, algo vivo, não estático como uma religião em seus estatutos e dogmas)
E prossegue o “Gênese” de Kardec:
“O princípio da imutabilidade, em que elas se firmam,
constitui um desmentido às próprias palavras do Cristo.
Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade,
Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar to-
das as coisas e de lembrar o que ele dissera. Logo, não esta-
va completo o seu ensino. E, ao demais, prevê não só que
ficaria esquecido, como também que seria desvirtuado o
que por ele fora dito, visto que o Espírito de Verdade viria”
Dizer que quando Jesus disse as duas pequenas palavras “Espírito de Verdade” ele estava querendo dizer que o ensinamento seria desvirtuado pelos cristãos das gerações seguintes ou que a mentira se instalaria é para mim um argumento muito forçado. Entendo que a expressão Espírito de Verdade sinaliza sim que o Espírito que os apostolos receberiam era totalmente diferente do espírito de erro e de engano que estava no mundo e que agiria no momento da crucifixão ver(Jo. 14:30). Por isso mesmo era necessário que viesse o Espírito da Verdade para, a partir do Pentecostes ( ver Atos 2), marcar um novo período para os homens.


E prossegue o “Gênese” de Kardec:

“tudo lembrar e, de combinação com Elias, restabelecer
todas as coisas, isto é, pô-las de acordo com o verdadeiro
pensamento de seus ensinos.”
Não conheço nenhuma passagem na Bíblia dizendo que o Consolador prometido viria restabelecer todas as coisas em combinação com Elias, há sim, um dito de Jesus a esse respeito com relação a Elias, não com relação ao Consolador: “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; Mateus 17:11” O que quero demonstrar com isso é que, como colocado no último comentário acima, apesar de o espiritismo dizer-se o Consolador prometido que viria restaurar o ensinamento desvirtuado, isso não pode ser logicamente concluído através dos trechos bíblicos elencados pelos espíritas; entendo que, no trecho acima, o “Gênese” de Kardec tenta de maneira sutil atribuir ao Consolador uma coisa que só foi dita com relação à Elias.
E prossegue o “Gênese” de Kardec:

“38. Quando terá de vir esse novo revelador? É evidente que
se, na época em que Jesus falava, os homens não se acha-
vam em estado de compreender as coisas que lhe restavam
a dizer, não seria em alguns anos apenas que poderiam
adquirir as luzes necessárias a entendê-las. Para a inteli-
gência de certas partes do Evangelho, excluídos os precei-
tos morais, faziam-se mister conhecimentos que só o pro-
gresso das ciências facultaria e que tinham de ser obra do
tempo e de muitas gerações.”
Para mim não é nada evidente. O espiritismo pode tentar desqualificar o entendimento que muitas pessoas tem de “certas partes do Evangelho” citando o fato de elas não conterem em si mesmas argumentações fundadas na moderna ciência e isso não desqualificar o entendimento para essas pessoas (visto que o próprio estatus de verdade que a ciência tem para muitos pode ser questionado e foi questionado por pensadores de peso até o presente momento). É interessante citar o alerta que Paulo deu a Timóteo: “Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e ás oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé.” 1 Timóteo 6:20-21
E prossegue o “Gênese” de Kardec:
“Se, portanto, o novo Messias
tivesse vindo pouco tempo depois do Cristo, houvera en-
contrado o terreno ainda nas mesmas condições e não teria
feito mais do que o mesmo Cristo. Ora, desde aquela época
até os nossos dias, nenhuma grande revelação se produziu
que haja completado o Evangelho e elucidado suas partes
obscuras, indício seguro de que o Enviado ainda não
aparecera.”
(Há controvérsias: O livro de Apocalipse pode ser apontado como uma revelação pois é tradicionalmente tido como escrito após a acensão de Cristo e depois do Pentecostes descrito no livro de Atos, capítulo 2; outras revelações que podem ser apontadas já registradas na própria Bíblia são: O arrebatamento descrito por Paulo aos Tessalonicenses; a revelação da Igreja enquanto corpo de Cristo já citada acima). Quanto à elucidação de partes obscuras é questionável se essas partes que o espiritismo considera eram realmente obscuras para os escritores dos evangelhos ou se o são para muitos discípulos de hoje em dia (mesmo que desconheçam os argumentos espíritas); muitas vezes as pessoas escrevem algo que para elas está claro e para o leitor - por falta de conhecimento do contexto histórico ou por falta de revelação da parte de Deus2 - não estará ; da mesma forma o que é obscuro para uns pode ser claro como o sol para outros. O que é possível ver nos Evangelhos é que os escritores relatam parábolas ou ditos que não foram entendidos no momento mas que após o pentecostes já estavam entendidos pelos apóstolos, por exemplo o dito de Jesus a respeito de sua morte e ressurreição: “E eles nada disto entendiam, e esta palavra lhes era encoberta, não percebendo o que se lhes dizia.” Lucas 18:34. Essa afirmação está também em João 20:9 , Marcos 9:32 e Lucas 9:45; e em João 10:6 está uma parábola que não foi entendida no momento em que foi proferida mas que foi entendida logo em seguida. Cito essa passagens porque elas podem vir à memória do leitor e confundí-lo se não houver o entendimento de que à altura da data do pentecostes elas já estavam entendidas.


E prossegue o “Gênese” de Kardec:
“39. Qual deverá ser esse Enviado? Dizendo: “Pedirei a meu
Pai e ele vos enviará outro Consolador”, Jesus claramente
indica que esse Consolador não seria ele, pois, do contrá-
rio, dissera: “Voltarei a completar o que vos tenho ensina-
do.” Não só tal não disse, como acrescentou: A fim de que
fique eternamente convosco e ele estará em vós. Esta propo-
sição não poderia referir-se a uma individualidade encar-
nada, visto que não poderia ficar eternamente conosco, nem,
ainda menos, estar em nós; compreendemo-la, porém, muito
bem com referência a uma doutrina, a qual, com efeito,
quando a tenhamos assimilado, poderá estar eternamente
em nós. O Consolador é, pois, segundo o pensamento de
Jesus, a personificação de uma doutrina soberanamente
consoladora, cujo inspirador há de ser o Espírito de Verdade.””
O espiritismo, ao meu ver, não apresenta argumentos sustentáveis para dizer que o Espírito Santo não poderia estar nos apóstolos. Analisando os argumentos espíritas e os pensamentos de Jesus elencados entendo que através deles não pode ser concluído que o Espiritismo seja o Consolador. Aliás não vejo como possível que o Consolador – o Espírito Santo- escrevesse uma doutrina com todos essas incoerências e erros de conhecimento com relação aos relatos históricos elencados na Bíblia, essa mesma Bíblia tão digna de crédito até entre os espíritas como pode ser visto através do fato de ela ter sido usada no livro “A Gênese- Allan Kardec” para fundamentar seus argumentos, como por exemplo o argumento que consta no Cap XVII do “Gênese” de Kardec nº37: “Se lhes houvesse dado instruções secretas, os Evangelhos fariam referência a tais instruções.” 

OBS. Essa última frase do Espiritismo também não guarda coerência com o que Paulo disse em uma de suas cartas: 

"Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu.
E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe)
Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar."

2 Coríntios 12:2-4

Chamando aqui o novo testamento de Evangelho, podemos entender que a afirmação espírita é incoerente, pois Paulo fala de palavras inefáveis as quais ao homem não é lícito falar. 

Sobre o mesmo assunto: 

http://ibrem.com.br/2014/testemunho-da-ex-medium-mary-grace-hughes/

http://caiofabio.net/download%5CEspiritismo_segundo_o_evangelho.pdf

http://www.tendagospel.com/nascida-de-novo-mary-grace-hughes.html
1A fonte é a página http://www.caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=05938 . O autor responde perguntas a ele enviadas, nessa página o leitor verá a pergunta enviada e a resposta do Caio Fábio logo em seguida.
2Pedro por exemplo conseguiu entender que Jesus era o Cristo por revelação: “E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus.”
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