quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Afetividade sadomasoquista - barreira para largar o açúcar



Recomendo que, antes de ler essa postagem, leia:  "Açúcar - a droga" . 
Há um tempo tive uma conversa a respeito da afetividade sadomasoquista ligada ao consumo do açúcar que me incentivou a escrever esse post. Pense bem, a maioria das pessoas sabe que açúcar e refrigerantes fazem mal à saúde, mesmo sabendo disso não largam os ditos cujos. Porque razão? Um dos fatores a ser pensado no sentido de dar uma explicação a isso é o já conhecido sadomasoquismo, é uma barreira cultural/psicológica a ser transposta para a mudança de hábitos. Gilberto Freyre em seus livros "Casa-Grande & Senzala" "Sobrados e Mucambos" fala sobre a presença dessa característica na cultura brasileira que perdura até os dias atuais. 
Para os estudiosos da Bíblia o sadomasoquismo é o conhecido chamar o bem de mal: 

"Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal;

que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" Isaías 5:20 

A sacarose é refinada e distribuída de tal forma que o o doce tem seu "amargo" acabando com a saúde de muitas pessoas e sobrecarregando o sistema de saúde pública. 

Voltando à Bíblia, o sadomasoquismo também pode ser visto na passagem Ezequiel 23, o caso das irmãs Aolá e Aolibá. Caio Fábio escreveu sobre o trecho:
"De fato Ezequiel está usando a imagem de duas irmãs sexualmente taradas e gulosas; casadas, porém adulteras por prazer e muita volúpia; e que gostavam dos Egípcios porque o membro deles era como o dos jumentos, e amavam o volume da ejaculação dos Assírios, semelhante à de cavalos. E assim fazendo ele declara a Tara de Israel!
É o primeiro caso de descrição psicológica do fenômeno da ambivalência sexual e afetiva feito na história da humanidade. Também é o primeiro caso de aplicação da constatação a um fenômeno ainda maior: a tara de um povo e sua paixão pelo que lhe destruía.
Na seqüência se diz que essas duas mulheres ficaram viciadas em abuso desde a infância. Cresceram tendo os seios apalpados. E já desde cedo que desenvolveram o gosto pelo abuso como prazer.
Desse modo o profeta denuncia relação sado-masoquista de Israel com seus “amantes”, os quais, ao mesmo tempo, eram os perversos “cafetões” de Israel.
Israel se dava a quem odiava! É o que está dito!"

Em essência, a relação de muitas pessoas com o açúcar não é diferente  do caso das irmãs Aolá e Aolibá com seus abusadores. As pessoas aprendem desde criança com seus familiares ou através de propagandas (de refrigerantes, leite condensado, achocolatados, outros açucarados e da própria açúcar) na TV, em outdoors, revistas, etc, que a afetividade, o lazer, o bem estar em família está ligado ao consumo de açúcar. Em seguida, aprende que é prejudicial à saúde e, como não consegue largar o açúcar, estabelece-se uma relação ambivalente, sadomasoquista. A inversão de valores é algumas vezes tão profunda que a pessoa passa a ingerir o açúcar como afirmação da própria identidade; como quem diz: "Viva eu, viva tudo, viva o Chico barrigudo!".


A conversa a que me referi no início do texto foi com Gabriel Lopes (estudou na mesma turma do curso de História na UFMG), segue mais abaixo:  

Antes disso, vale lembrar duas canções que não citei na conversa: 

 "Com Açúcar com afeto" de Chico Buarque: Nessa música, ao mesmo tempo em que a expressão "Qual o quê?" conota um descrédito com relação às promessas feitas, a expressão "Com açúcar com afeto" conota um sentimento de conformismo com o que há de errado. Sônia Hirsch, aproveitando o tema, escreveu o livro "Sem açúcar, com afeto".

2ª "Entre tapas e beijos", tema de abertura do seriado "Tapas & Beijos" da TV Globo. Aqui não vale o comentário pois a ambivalência  da afetividade descrita é óbvia.  

Agora a segue o registro da conversa:

Gabriel Lopes xxxxxxxxxx@gmail.com
9 fev







para mim
 
Tiago, quando li o título do seu blog lembrei de uma aula em que me disseram que na época em que se começou a produzir açúcar no Brasil a substância era tida como especiaria, apontada como medicamento ou droga em alguns casos. Ficar sem açúcar realmente provoca uma espécie de abstinência comparada a drogas pesadas. Tenho pensado em mudar minha alimentação e com certeza seu blog vai me ajudar muito nisso.
Abraço
Em 9 de fevereiro de 2012 00:24, tiagohistoria historia <tiagohistoriah@gmail.com> escreveu:
tiagohistoria historia tiagohistoriah@gmail.com
9 fev







para Gabriel
 
Gabriel, feliz demais pelo seu retorno! Paz e bençãos! Pretendo escrever sobre a afetividade sadomasoquista relacionada ao consumo do açúcar. Essa é talvez a maior barreira que a pessoa que quer parar deve enfrentar. Quando alguém quer te agradar vem logo te oferecendo um docinho ou uma C***-****, digo, refrigerante. E se você nega você fez desfeita. Por isso na hora de recusar talvez seja bom fazê-lo com um sorriso dizendo: Eu não aceito o doce (ou a C***-****) porque não como açúcar, mas aceito o afeto porque sei que você teve todo o carinho em comprar, preparar, e então dar um abraço e tal. Imagino que, por ser um produto caro nos tempos iniciais, dar doces foi se estabelecendo como prática do senhor de engenho para suas mulheres, suas escravas. É comum chamar a amada de docinho, ou em Inglês, Sweety.

Não sei se você já leu o que eu postei no face comentando o texto do observatório da imprensa - para mim está tudo relacionado:
Bateu fraco, deveria ter batido muito mais. Não foi ressaltado o teor sadomasoquista da música de Teló. É absolutamente infernal que uma música sadomasoquista de 5 frases curtas seja símbolo da cultura nacional. Demonstra que a maior parte da população nunca teve conhecimento da verdadeira felicidade, e por tudo ser tão triste, até o afeto foi associado ao sofrimento. O pior é que Teló não é o único, o sadomasoquismo está presente em muitas e muitas músicas sertanejas e funks.

observatoriodaimprensa.com.br
Os assuntos mais discutidos na primeira semana de 2012, ao menos nas redes sociais (que hoje pautam muita coisa), versam sobre a capa da revista semanal Época com o cantor (?) Michel Teló e sobre o início de mais uma edição do Big Brother Brasil transmitido pela Rede Globo de Televisão. Por sinal, a... (para continuar lendo o texto do observatório da imprensa clique no link do site deles que está acima)
Mas talvez nem seja tanto sadomasoquismo, mas falta de conhecimento mesmo.
Att,

Em 9 de fevereiro de 2012 08:11, Gabriel Lopes <XXXXXXXXX@gmail.com> escreveu:

Gabriel Lopes XXXXXXXXX@gmail.com
9 fev







para mim
 

Tudo está relacionado mesmo. Mas não bebo mais C***-****, por sentir que me faz mal mesmo. E não é nenhum sofrimento.
Abraço
Em 9 de fevereiro de 2012 09:30, tiagohistoria historia <tiagohistoriah@gmail.com> escreveu:


tiagohistoria historia tiagohistoriah@gmail.com
9 fev







para Gabriel
 

É isso aí, e vamos caminhando. Abração!


Em 9 de fevereiro de 2012 10:32, Gabriel Lopes <XXXXXXXX@gmail.com> escreveu:

Como largar o açúcar? Acesse o link. .